O discipulado é uma prática tão antiga quanto a própria história humana. Sempre existirá alguém mais experiente ensinando e moldando alguém menos experiente. Isso acontece porque, em essência, o discipulado nada mais é do que formar um estilo de vida por meio do convívio e da transmissão de valores.
Naturalmente, esperamos que bons mestres formem bons discípulos. Se alguém se declara discípulo de um atleta conhecido, espera-se que leve uma vida saudável; se se diz discípulo de um grande chef, imaginamos que esteja aprendendo a cozinhar. Contudo, é importante lembrar que um bom mestre não garante automaticamente um bom discípulo — Judas, por exemplo, caminhou com Jesus e ainda assim fez escolhas equivocadas.
Essa dinâmica sempre existiu e continua presente em diversas áreas da vida, desde filmes e obras culturais até ambientes religiosos. Bons exemplos de relações de discipulado intencional (ou mesmo tenso) podem ser vistos em histórias como:
Yoda e Luke Skywalker
Qui-Gon Jinn e Anakin
Sr. Miyagi e o contraste com o estilo Cobra Kai em Karatê Kid
A formação de líderes dentro de tradições religiosas específicas
Por outro lado, também há exemplos de mau discipulado, como o que Jesus denuncia em Mateus 23.15, quando afirma que os fariseus produziam “filhos do inferno”. Isso acontecia porque, apesar de religiosos, não conheciam verdadeiramente a Deus, e uma doutrina distorcida sempre formará discípulos igualmente distorcidos.
Existem dois tipos principais de discipulado:
É aquele que acontece naturalmente, sem que as pessoas percebam.
Nossa vida influencia quem convive conosco: amigos, familiares, colegas, filhos, netos, pessoas da igreja e até desconhecidos que nos observam de longe.
Sempre haverá alguém se inspirando em nós de alguma forma — no modo de falar, agir, servir ou enfrentar dificuldades. Até mesmo nosso círculo social e os conteúdos que consumimos moldam quem estamos nos tornando.
Por isso, é importante que nosso viver seja coerente com o evangelho, pois nossos passos abrem caminhos para pequenos “pés” que nos seguem.
Este é o foco deste estudo. Aqui, o discípulo é intencionalmente moldado segundo o caráter e o ensino de um discipulador. Essa forma é bíblica, prática e essencial para o crescimento espiritual.
Escolher bem quem nos discipula é fundamental, pois temos grandes chances de nos tornarmos parecidos com essa pessoa — tanto em virtudes quanto em defeitos.
“As más companhias corrompem os bons costumes.” — 1 Coríntios 15.33
Para se parecer com seu mestre, você precisa conviver com ele. A proximidade é o ambiente onde ocorre a formação. Em muitos casos, isso significa também se afastar de outras companhias que te afastam do propósito de Deus.
Jesus chamou seus discípulos a deixarem para trás tudo o que impedisse o avanço do Reino (Mt 10.32–39; Lc 5.10–11). Só há transformação verdadeira quando há convivência, constância e intenção.
“Confessem os seus pecados uns aos outros…” — Tiago 5.16
Um discipulado saudável exige abertura. É difícil encontrar alguém com quem possamos ser totalmente sinceros, mas é justamente essa honestidade que traz cura e força espiritual.
Ao confessarmos nossas lutas, encontramos não apenas alívio, mas um amigo que caminha conosco na batalha contra o pecado — seja no contexto de tentações, vícios, hábitos destrutivos ou fraquezas emocionais.
A afinidade é importante: às vezes, a dificuldade não está no ato de se abrir, mas na pessoa com quem estamos tentando fazer isso. Buscar alguém com quem exista confiança e conexão ajuda muito.
O discipulado costuma ser mais eficaz entre pessoas do mesmo sexo. Isso:
facilita o entendimento mútuo;
evita confusões emocionais;
protege o testemunho e a integridade de ambos.
Vivemos em tempos marcados por lideranças abusivas, autoritárias, despreparadas ou distorcidas. Isso torna ainda mais urgente formar líderes à imagem de Cristo.
Todos nós já influenciamos pessoas, mesmo sem perceber. Portanto, precisamos aprender a fazer isso corretamente.
conhece (e busca conhecer) a Palavra;
entende que cuida de almas que pertencem a Deus;
escuta de forma ativa e amorosa;
reconhece que também é pecador;
se parece com Jesus em caráter e prática.
Profissões técnicas exigem anos de estudo:
engenheiros estudam cinco anos; médicos, no mínimo dez.
Mas muitos que cuidam de vidas espirituais nunca leram a Bíblia inteira. É essencial investir em preparo, estudos, cursos e acompanhamento — não por vaidade, mas por responsabilidade diante de Deus.
Você já participou de um discipulado? Como foi sua experiência, especialmente no que diz respeito a se abrir e confiar?
Cite um exemplo de como um discipulador ou líder foi importante na sua caminhada cristã.
Você já discipulou alguém? Qual foi o maior desafio que enfrentou?
rodrigo.penasso@hotmail.com